A eficácia do sistema de proteção social português no alívio dos riscos de pobreza e na redução das desigualdades de rendimento piorou em 2023. É o que se pode ler no Relatório Conjunto sobre o Emprego da Comissão Europeia e do Conselho que monitoriza a situação do emprego na União e a implementação das orientações para o sector.
As duas instituições europeias referem que, embora os preços e os salários nominais tenham crescido rapidamente nos últimos anos, os benefícios sociais não aumentaram ao mesmo ritmo.
O relatório refere ainda que a percentagem de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social permaneceu estável em 2023, em 20,1 por cento, na média da União Europeia.
Mas esta taxa – de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social – aumentou 1,9 para 22,6 por cento no que se refere às crianças, o que os peritos entendem como uma das deteriorações mais graves da União Europeia.
A percentagem de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social também é particularmente elevada nas regiões ultraperiféricas. Os valores deste indicador pioraram na Área Metropolitana de Lisboa e nos Açores, apontando para desafios persistentes na coesão regional. Embora Portugal esteja a ter um desempenho médio na área das competências, a percentagem de abandono precoce da educação e da formação aumentou de 6,3 por cento em 2022 para 8,1 em 2023, revertendo assim as melhorias passadas.
Além disso, existem disparidades regionais significativas, com taxas muito mais elevadas, por exemplo, para a região do Algarve (16 por cento) e, em particular, para a Região Autónoma dos Açores (21,7 por cento).As competências básicas dos alunos deterioraram-se significativamente desde 2018.
Num contexto de crescimento económico acima da média da UE, a taxa de emprego melhorou de 77,1 por cento em 2022 para 78,0 em 2023 e permanece "na média".
Pelo contrário, a taxa de desemprego aumentou para 6,5 por cento ("na média").
A taxa de desemprego de longa duração tem melhorado desde 2021, embora ainda esteja acima da média da União Europeia em 2023.
Portugal também continua a ter um desempenho "melhor do que a média" na percentagem de jovens que não estão empregados nem em educação ou formação, exceto nos Açores. Situações de pessoas que não trabalham nem estudam são mais elevadas entre as mulheres e para pessoas com antecedentes migratórios. A Comissão e o Conselho consideram ainda que Portugal está a ter um desempenho melhor do que na média na diminuição das diferenças de emprego entre géneros e está entre os "melhores desempenhos" na disparidade de emprego para pessoas com deficiência.
Por outro lado, persiste a segmentação do mercado de trabalho, refletida nas elevadas percentagens de jovens com contratos temporários: 42,9 por cento em 2023, quando a média da União Europeia é de 34,3 por cento.
À luz das conclusões da análise da primeira fase acima referida e nomeadamente dos três indicadores considerados “críticos” ou “a observar”, Portugal não parece enfrentar riscos potenciais para a convergência social ascendente e, portanto, não necessitará de uma análise mais aprofundada numa segunda fase.